sábado, agosto 06, 2005

A beleza do conhecimento

Hoje, quem me ligou foi a minha irmã mais velha. Ela estava radiante, toda alegre. “Paola, comecei a minha faculdade!!!”.
Vocês não imaginam como estava voz de felicidade dela. Contando em detalhes como tinha sido as aulas, a turma, os professores, as pessoas que ela conheceu.

Estou tenho aula de filosofia!!! - Disse ela encantada. Até dei uma contribuição indicando um livro que estou lendo e que vai ajuda-la muito a compreender as obras desses pensadores maravilhosos de uma maneira muito fácil (O mundo de Sofia).

Contando somente isto, seria uma estória muito comum. De uma pessoa que entra na faculdade e se realiza. Mas, não é. Sem tirar a sardinha para o meu lado, com a minha irmãzinha querida, há algo um pouco diferente na vida dela. Na verdade essa diferença tem acontecido com maior freqüência de uns anos para cá.

Ela sempre foi uma menina muito certinha, sempre tirou notas altas na escola, nunca deu trabalho para os nossos pais. Um exemplo de filha. Ao contrário de mim, que dei um certo trabalhinho para os coroas, quase nada, bobagem (só fui expulsa um vez de um colégio e nunca mais!!!).

Mas ela começou a namorar sério muito cedo, casou-se muito cedo e teve filhos também cedo demais. O futuro promissor daquela menina ajuizada, responsável se resumiu em cuidar da casa, dos filhos, do marido. Crianças vão tomar banho! O jantar está na mesa!...mãe me limpa!...

Nada contra àquelas que se dedicam à vida doméstica, por opção ou imposição. O que vale é a pessoa se sentir bem naquilo que faz.
No entanto, desde que as mulheres saíram a rua, queimando sutiãs e pedindo igualdade aos homens, com a liberdade sexual e com a vinda da pílula, ficou cada vez mais difícil, por não dizer escasso a profissão “do lar”.

Hoje, a sociedade cobra demais da mulher. Ela tem que ser boa esposa, cuidar dos filhos, tem que ajudar nas despesas domésticas, tem que estar sempre bonita e bem cuidada e principalmente, ter disposição nas obrigações matrimonias.

A mulher que por opção resolve ficar em casa, não se prepara para o mercado de trabalho, estará se condenando a uma eterna dúvida. E o amanhã, como será?
Pensão alimentícia, viver de dez, quinze por cento do salário do ex-marido, isso quando ele comprova o rendimento, senão, terá que se contentar com alguns ou até mesmo somente um salário mínimo. O entendimento atual dos juízes é no sentido de diminuir o valor da pensão e estipular um prazo para o seu pagamento até que elas possam voltar ao mercado de trabalho. Esquece pensão vitalícia, ela morreu. Golpe do baú, golpe da barriga... Nunca mais, ilusão da mulher querer se dar bem com um casamento bem arranjado. É claro, que para toda regra existem exceções, é como ganhar na loteria, alguém sempre acerta, mas eu não conheço nenhum.

Voltando a estória de minha irmã, ela como muitas mulheres abdicou de sua carreira para se dedicar à família. Mesmo com toda satisfação que ela tinha na sua vida “pacata” - de pacato não tem nada, às vezes trabalhasse muito mais em casa do que fora - (além de ser chato pra burro – lavar banheiro, varrer casa...), ela sentia que faltava algo, a tal da realização profissional. Esse vazio intelectual, talvez, pode até ser por uma exigência da sociedade.
Que seja!

Ela que não me ouça, é muito bom ser reconhecido. Não há elogio melhor do que se chamada de competente. Com toda a vaidade de uma mulher em ser considerada de bonita, gostosa, charmosa. Mas ser tratada como competente, há isso mexe lá no fundo do nosso ego, fui preciso muito esforço, muita luta para conquistar esse título. Ser bonita e gostosa, sinceramente, para mim não é mérito nenhum, basta você nascer assim, que esforço teve? E para aquelas menos favorecidas uma academia básica, uma levantada no popozão, uma boa produção, já é o suficiente. E daí, passada a idade de ouro, ficaremos todas velhas pelancudas, não adianta correr, não tem jeito, não tem Pitangui que levante. Coitada daquela que vive em função da beleza.

Quando a formosura da juventude se despedir, só restará a experiência. E se essa experiência for proveniente do acúmulo de conhecimentos, realizações e de conquistas haverá de ser maravilhosa. Nem ligo para as rugas. Não há riqueza maior no mundo do que o conhecimento. E esse tesouro ninguém poderá te roubar.
Minha irmã, que Deus te proteja hoje e sempre, que Ele lhe dê muita força nessa nova etapa na sua vida. Parabéns. O aprendizado é eterno. A sabedoria é divina.

2 Comentários:

Blogger Elaine disse...

Sua irmã tomou a decisão certa Paola, nunca é tarde para recomeçar. Desejo a ela muito sucesso. Quanto ao seu comentário sobre ser reconhecida como competente, devo dizer, é maravilhoso! Principalmente nesse país machista em que vivemos.

8:41 PM  
Anonymous Anônimo disse...

Mt bom, menina!
O saber não ocupa espaco e só edifica!
Tive uma professora nos tempos de ginásio, que dizia para estudarmos, pois nunca sabíamos o que nos esperava: - uma vida solteira, descasada, viúva ou até mesmo complementar as despesas do lar.

11:07 PM  

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